Vou começar sendo sincero e direto ao ponto: eu não acreditava que conseguiria estudar japonês sozinho. Aprender a falar já seria uma tarefa complicada, mas aí surgem os agravantes que assustam os não nativos: hiragana, katakana e kanji. Estarei mentindo se disser que nunca tentei aprender os dois primeiros, mas nas vezes em que o fiz, foram com vídeos no Youtube que mais te ensinavam a escrever do que uma técnica pra lembrar em si.
Depois de muito tempo com o Gustavo Maia, criador do site Aprenda Japonês, insistindo para que eu tentasse, finalmente resolvi dar uma chance. Vou detalhar um pouco mais o passo a passo de como comecei e os resultados que obtive em 2 semanas (até menos).
Primeiros Passos
A primeira coisa que eu fiz foi instalar o Anki tanto no meu PC, quanto no meu tablet e celular. O Anki te permite sincronizar em nuvem seu progresso e cards, porém você precisa lembrar de apertar em Sync
para que o progresso em outros dispositivos sejam upados após um deck feito ou baixados antes de começar uma nova sessão de estudos. Essa praticidade e conforto de fazer mesmo que eu não estivesse sentado na tela do computador acabou ajudando a me disciplinar e não deixar de fazer uma vez por dia os meus cards.
Escolhendo os Primeiros Decks
O meu primeiro desafio foi escolher os primeiros decks que eu iria tocar diariamente. Seria melhor fazer gramática? Vocabulário? Então mais uma vez fui ilumidado com a voz da experiência de Gustavo Maia, que me indicou que eu aprendesse de uma vez por todas os Hiraganas e Katakanas. E adivinhe: essa é a mesma dica que eu tenho para você que está lendo.
Os decks de hiragana e katakana no Anki são infinitos, mas caso queiram saber por quais comecei, foram os seguintes: Japanese Basic Hiragana, que como não está mais disponível vou deixar indicado o Japanese Hiragana, e Katakana with stroke diagrams and audio.
ATD - Anki Todo Dia
Algo importante de se criar no começo é a rotina. Tente fazer os seus cards todo dia. Você pode diminuir a frequência de cards novos por dia no Anki para 10. É essencial no começo essa frequência menor para que você consiga fazer em no máximo 30 minutos por dia os seus cards e absorver bem o que está estudando, ajudando a criar hábito.
Resultados Rápidos
Os resultados que obtive fazendo esse simples passo a passo foram incríveis. Eu, que sou uma pessoa que tem dificuldade para se focar e criar rotinas de estudos, fiquei impressionado de ter conseguido durar 2 semanas fazendo todo dia.
Hiraganas
Eles são simpáticos. Foi incrível ver que em 1 semana eu já estava acertando 95% dos Hiraganas que me surgiam nos cards. Os erros eram em sua maioria enganos pois alguns (poucos) são bem parecidos. Mas quando você conseguir distinguir por suas pequenas diferenças, não vai errar mais. Me senti tão satisfeito fazendo os decks de Hiragana que senti que queria mais. Procurei por um outro deck pra complementar depois dessa primeira semana e encontrei o Japanese Hiragana, que indiquei acima. Ele contém um “sub deck” de Basic e Advanced. Comecei fazer o Advanced dele para reforçar ainda mais o meu conhecimento. Depois de mais uma semana completa eu já não errava mais.
Minha prova de fogo foi quando, depois dessas duas semanas, fui viajar e fiquei 4 dias sem fazer meus cards. Então na volta de viagem, quando fui cumprir com meu dever diário que eu havia abandonado, pude ver que consegui de fato reter muito conhecimento: dos dois decks que fiz, errei apenas dois hiraganas. Isso é algo que me mostrou como é fácil desde que você dedique pouco tempo diário nesse objetivo.
Katakanas
O motivo da minha frustração diária no começo definitivamente se chama katakana. A sensação que eu tinha nos primeiros 2 dias enquanto fazia os cards era a mesma que você tem quando esquece algo que ia falar. Só que repetidamente (🤣). Eu tive que esforçar minha mente criativa a criar associações entre os katakanas e os hiraganas para que ficasse mas fácil de lembrar, mas mesmo assim foi uma tarefa difícil porque um não tinha nada a ver com o outro (em grande maioria).
Depois do segundo dia, na minha cabeça só achava que eu nunca ia decorar, mas pra minha surpresa no fim da primeira semana eu já conseguia me lembrar de maioria. Seja associando por som ou analogias bestas que você cria, uma hora a preguiça de ter que refazer o card por não ter lembrado impulsionou minha memória a usar todo e qualquer recurso disponível e existente que já precisei para lembrar de algo. Consequentemente, no fim das suas semanas já sabia todos os katakanas. Me toquei de que já conseguia ler coisas quando passaram na rua com a camisa do Corinthians que tinha escritos em japonês. Usando minhas duas semanas de Anki, cheguei na seguinte frase: “Kore ga Korinchansu desu” - que se traduzia para “Aqui é Corinthians”. Foi aí que a ideia de aprender japonês se tornou uma realidade possível para mim.
Conselho
Recomendo que você só faça como eu fiz no começo: instale os decks de hiragana e katakana e só tente por 3 dias. Sem pensar em prazos, consequências ou futuro. Garanto que isso será o suficiente pra te motivar.
Próximos Passos
Agora é a hora que você diz “Tá, sabe ler hiragana e katakana. Mas o que você vai ler se não entende os significados das palavras e nem os kanjis?”.
A resposta que eu te dou é: calma! Uma coisa de cada vez. Irei abordar em texto aqui em breve como seguir para expandir seu vocabulário e entender gramática (e porque é melhor seguir nessa ordem), então por aqui me despeço.
Obrigado por ter lido até aqui e até a próxima! 😉